No último dia 11 de maio, tive o privilégio de participar (via
WebConferência) como membro da banca de defesa do Mestrado de Roberlene
Gonzales de Oliveira, engenheira ambiental e urbana formada pela UFABC
(Universidade Federal do ABC, Santo André, SP).
O
tema de sua dissertação foi “Áreas Contaminadas na Região do Projeto
Urbano Eixo Tamanduatehy e sua Abordagem no Planejamento Urbano do Município de
Santo André - SP”, sob a orientação do Prof. Dr. Dácio Roberto Matheus,
atual (maio de 2018) reitor da UFABC, sob a coorientação da Profa. Dra. Giulliana Mondelli, e ainda as presenças na banca da Prof. Dra. Rosana Denaldi, ex-secretária de Habitação e
Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de Santo André e da Prof. Dra. Katia Canil,
também docente da UFABC.
Imagem gerada durante a banca de dissertação de Roberlene Oliveira |
A dissertação de Roberlene trouxe uma abordagem muito interessante de
investigação dos passivos ambientais nos chamados brownfields (termo norte-americano para designar as ex-áreas industriais
contaminadas com elevadas dificuldades de remediação), levantando os relatórios
de áreas contaminadas da CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e
as cruzando com o emblemático Projeto Eixo Tamanduatehy, da Prefeitura de Santo
André, que foi lançado em 1997 na gestão do ex-prefeito Celso Daniel (1952-2002).
Desde o seu lançamento foi bastante estudado em relação aos conceitos urbanísticos envolvidos
em sua concepção e desenvolvimento, com a elaboração no formato de concurso
de ideias de arquitetos e urbanistas nacionais (Candido Malta e outros) e
estrangeiros (Christian de Portzamparc, Eduardo Leira e Joan Busquets). (Para conhecer mais do projeto em uma visão
crítica acesse o artigo: A produção do espaço público no projeto urbano Eixo Tamanduatehy (Santo André, SP
Ao meu ver, a contribuição da dissertação e do grupo de pesquisa do qual a autora faz parte na UFABC, foi desenvolver e usar uma metodologia de
análise dos aspectos ambientais, que destaca as características dos subsolos
da área do Projeto, em confronto com a visão dos arquitetos e urbanistas que,
ao elaborar as propostas na década de 1990, privilegiaram aspectos de renovação
urbana, com características de revitalização de uma imensa área degradada pelo uso
industrial, planejando grandes massas construídas e vazias, mas pensando
somente no que se encontra sobre a superfície desse terrítório.
O Projeto Síntese, resultado das
propostas das quatro equipes, destacava a qualidade de vida gerada pela transformação econômica da área de cerca de 12,8 km², com a criação de uma nova centralidade na Região Metropolitana de São Paulo. Se
apregoava naquele momento que isso seria possível, a partir do reordenamento da circulação, da criação
de áreas verdes e parques, da atração de atividades com potencial gerador de
empregos “limpos”, do incentivo ao setor terciário, da atração de empresas de alta
tecnologia.
Resumidamente, posso destacar que a
dissertação, além de alertar para que os agentes públicos façam uma abordagem
holística em seus projetos, ilumina a
importância da interdisciplinaridade e da interprofissionalidade, porque grande
parte das intervenções previstas para o projeto encontraram obstáculos temporais
e econômicos para sua consecução, tendo em vista os processos de identificação
de áreas contaminadas, seu licenciamento para a remediação e os custos vultosos
envolvidos nessas intervenções.Esse é um dos motivos pelos quais os resultados foram modestos.
Faz pensar também nos ganhos que traz
uma Universidade nova que tem em sua concepção a interdisciplinaridade, conduzida pelos Bacharelados Interdisciplinares, que pode induzir os profissionais ali formados a uma abordagem que saia dos limites da disciplina expandido suas potencialidades e obtendo maior alcance social.
Se quiser ter acesso à dissertação de Roberlene Oliveira, clique aqui.
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