21 fevereiro 2021

Fevereiro de 2021: de volta às aulas ON LINE. Universidades dão o exemplo de responsabilidade social.

 Estamos reiniciando na UFSB, na semana de 22 de fevereiro de 2021, as aulas do quadrimestre 2020.3, ofertadas tardiamente neste quadrimestre 2021.1.

Trata-se de um retorno que todas as pessoas - professores, estudantes, familiares, comerciantes, prestadores de serviços - gostariam que fosse de maneira presencial. Há um consenso de que seria melhor para o aproveitamento das aulas e para todo o cenário que envolve a educação superior. 

Acredito que o formato on line traz elementos novos, importantes e saudáveis para os debates relacionados à qualidade da educação superior. Como a maioria dos temas da atualidade, formam-se os "flasflus" de posições contrárias. De um lado, há os que se consideram defensores da verdadeira educação na qual a presença do docente numa sala de aula em frente aos seus alunos é imprescindível e condição fundamental do processo educativo. Do outro, quem se deslumbra com as TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação), acha que o futuro já chegou e que temos que lidar com ele de maneira a aproveitar o potencial dos MOOC (Massive Open Online Courses ou Cursos Abertos On Line e Massivos, em português). 

O uso das tecnologias de informação e comunicação para a educação traz algumas vantagens que resultam na possibilidade de ampliação do acesso para qualquer lugar e tempo. Flexibiliza o tempo-espaço da sala de aula física extrapolando a concepção da escola tradicional. Viabiliza economias importantes para as pessoas que não precisam se deslocar com transporte público e particular rumo às instituições de ensino. Nesses casos, teria o condão de contribuir para a melhora do transporte e do trânsito, pois retira parte considerável da população (estudantes) dos horários de pico. Há poupança de recursos com alimentação e vestuário. Traz um viés de sustentabilidade ao evitar a circulação de pessoas em veículos motorizados e a consequente redução dos gases de efeito estufa.

Por outro lado são incontestáveis as dificuldades que professores e estudantes estão passando, uma vez que fomos impulsionados e pressionados a continuar as relações de ensino e aprendizado no cenário de restrições impostas pela convivência alongada com a pandemia da Covid19. O prejuízo causado pela impessoalidade das relações prejudicam a geração de empatia entre professores e estudantes, e esses entre si. As relações pessoais e afetivas ajudam a fortalecer a afiliação institucional e a estabilidade na condição gerada para que o estudante permaneça na universidade (Coulon, 2015), Isso fica extremamente comprometido.

Acrescente-se as condições materiais como as dificuldades de acesso à equipamentos adequados para as aulas (computadores, laptops), que são substituídos pelo improviso do uso de aparelhos celulares (tela pequena, impossibilidade de leitura de textos de forma confortável). Isso constatei nas minhas aulas em que cerca de metade dos estudantes usam o aparelho celular para participar das aulas. A precariedade da cobertura e a instabilidade de sinal das redes, somados ao preço abusivo da internet se somam à questão dos aparelhos inadequados às aulas on line.

As instituições de ensino, professores e estudantes não estávamos preparados para o empurrão tecnológico para a frente que fomos obrigados a acomodar em nossas trajetórias. Parece que entramos em um túnel do tempo que nos levou a alguns anos adiante, adaptando para a realidade de 2020/21 as condições que encontraremos talvez daqui a dez anos ou mais.

Esse debate precisa continuar, uma vez que aprendemos a cada dia com a situação atual, e temos muito a contribuir como personagens que atravessam diariamente esse túnel do tempo.




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