Apesar de desqualificada por inúmeros estudos que demonstram a falácia que esse termo carrega e que vem somente reforçar ou justificar os privilégios daquelas pessoas que já nascem privilegiadas, conforme descreve Zygmunt Bauman em "A riqueza de poucos beneficia todos nós?", a 'meritocracia' ainda é defendida por significativa parcela dos professores e estudantes universitários, incluindo os da UFSB.
O Instituto Identidades Brasil (ID-Br) criou e divulga o 'jogo' para demonstrar que, "por meio de um simples jogo é possível perceber que a desigualdade racial é uma desvantagem em todos os aspectos da vida dos negros e das negras".
Como funciona? Os estudantes voluntários se alinharam em sala de aula e deveriam se movimentar 'um passo a frente' ou 'um passo atrás' ao serem provocados por perguntas do professor.
Algumas das perguntas foram: "se tiveram boa relação familiar na infância", "se receberam mesada", "se moraram em área de risco e perderam bens em enchentes", "se estudaram em escolas públicas", "se tiveram problemas para fazer amigos por causa de sua raça".
Invariavelmente, o 'jogo' mostra que as características fenotípicas dos participantes vão sendo acentuadas à medida que as pessoas se movimentam.
No exercício na sala de aula, com envolvimento sincero dos estudantes, percebem-se as histórias de vida marcadas pelo preconceito de raça/cor, de gênero e de renda.
Ainda que os municípios de Ibicaraí e Floresta Azul, de onde vêm a maioria dos estudantes dessa turma, possuam um perfil de IDH-M médio e baixo (de 0,625 e 0,557, respectivamente, IBGE, 2010), o que tende a nivelar os estudantes, o 'jogo' mostra a heterogeneidade reforçada por aspectos de raça/cor.
O 'jogo' demonstra as diferenças, mas a avaliação dos estudantes acentua a tentativa de superação e a esperança que a educação superior se realiza como potência transformadora em suas vidas.
1 BAUMAN, Zygmunt. 2015. A riqueza de poucos beneficia todos nós? Rio de Janeiro: Zahar.
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